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Embrapa resgata hábitos tradicionais de tuiuiús afetados por queimadas

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Ronan Carlos Meira Ramirez
Ronan Carlos Meira Ramirez
Ronan Carlos é jornalista, diretor do 61notícias e apresentador do canal 61podcast no YouTube, com mais de meio milhões de inscritos. Em 1997, estreou na tv como publicitário fazendo várias participações em programas de tv anunciando empresas e marcas com relevância nacional e internacional. Em 2022, lançou o livro sabores da vida uma autobiografia de sua história de vida e superação.

Um tradicional casal de tuiuiús, de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, adotou um ninho artificial idealizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). As aves costumavam se reproduzir anualmente em um ninho natural, no que já era uma atração turística da região. Além disso, o ninho era tombado pelo Patrimônio Histórico Natural. Mas ele foi destruído nas queimadas do ano passado. O Tuiuiú é uma ave símbolo do Pantanal, conhecido também como Jabiru.

O fogo destruiu, além do ninho original, às margens da BR-262,  galhos que, estruturados, davam suporte ao ninho no ipê que ainda se mantém ao lado. Assim, a Embrapa ergueu uma estrutura formada por um poste de concreto de 12 metros com uma plataforma hexagonal de metal de dois metros de diâmetro no topo, em formato de taça. Essa plataforma precisaria comportar o volumoso material que os tuiuiús utilizam na construção de ninhos.

Galhos e material fino

A estrutura levantada foi feita com material usado na construção de torres de redes de energia. “Sobre a plataforma, depositamos galhos e material fino para representar um ninho, na esperança de que o local fosse reconhecido pelos tuiuiús e utilizado como base para construção do novo ninho”, explicou Walfrido Tomás, pesquisador da Embrapa Pantanal e idealizador do projeto.

Acrescentou que, durante o trabalho de levantamento de animais mortos pelas queimadas, realizado no ano passado, ele observou diversas vezes tuiuiús pousados em árvores próximas ao ninho original, queimado cerca de um mês antes. Então, ele teve a ideia de instalar uma estrutura alternativa. “Assim os tuiuiús poderiam retornar, pois essas aves são fiéis ao local de nidificação”.

Após construído o novo ninho, em outubro do ano passado, ele foi monitorado pela Embrapa, que acompanhava a adaptação das aves ao ninho. Em janeiro, os tuiuiús começaram a se aproximar e pousar na árvore do ninho antigo. Em 16 de maio eles pousaram no novo ninho. Desde então, têm levado material para o novo ninho, como galhos e fibras vegetais mais finas.

Os tuiuiús se reproduzem após o período das cheias, quando o nível da água está baixando e os peixes e pequenos invertebrados, base da sua alimentação, ficam mais disponíveis nas baías e alagados, servindo de alimento para a espécie.

Uma vez construídos os ninhos, os tuiuiús permanecem fiéis ao local de reprodução, usando-o por muitos anos. Eles fazem reparos e melhorias nos ninhos. Eles podem ter mais de dois metros de diâmetro e são sempre colocados em grandes árvores com galhos abertos. Isso facilita a chegada das aves ao ninho com suas asas abertas, que podem ter três metros de uma ponta a outra.

Fonte: Agência Brasil

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