Imagine um cenário: uma agência de publicidade precisa, de um dia para o outro, se comunicar com metade da população brasileira. O motivo? Em meio ao isolamento social imposto pela pandemia de covid-19, em que as pessoas estão praticamente presas em casa, o cliente precisa que milhões de cidadãos criem suas contas bancárias para poder receber o auxílio financeiro para garantir a sobrevivência de suas famílias.
Essa foi a missão que a Propeg teve nos últimos dois anos com a Caixa Econômica Federal, que teve um grau de dificuldade adicional pelo fato de que ainda existem milhões de pessoas “desbancarizadas” no País. E era esse público que a Caixa precisava cadastrar, por meio de uma conta digital.
Apesar das dificuldades, a estratégia deu certo. Com uma comunicação que mesclou peças didáticas, desde como funcionava o aplicativo do Caixa Tem até informações sobre calendários para saques, e outras mais emotivas, com depoimentos reais dos brasileiros que receberam os R$ 600, a Propeg ajudou a Caixa Econômica a alcançar 68 milhões de beneficiários. Além disso, a Caixa viu 109 milhões de contas serem abertas nesse período conturbado.
“Uma das grandes vantagens da indústria da comunicação criativa é a sua capacidade de se adaptar à realidade. Com a pandemia, nossas marcas e criativos foram privados de seus recursos habituais, mas isso não prejudicou a nossa capacidade de criar”, afirma Vítor Barros, presidente da Propeg.
Mas a pandemia também trouxe benefícios dentro do dia a dia das agências, de acordo com Barros. Afinal, todos estavam passando pelo problema juntos. Isso, segundo ele, fez com que fosse criado um sentimento de empatia e solidariedade nas equipes, o que ajudou a diminuir o impacto negativo na saúde mental dos seus times.
A agência tem como mote construir um bom ambiente de trabalho nessa volta, adiada pela chegada da variante Ômicron. Para ele, o sistema híbrido de trabalho será a regra não só na Propeg, mas para todo o setor. “É muito bom estar com a família e não perder tempo com engarrafamentos. Mas, quando você consegue desenvolver um ambiente saudável dentro da agência, com troca de inspirações, você pode não multiplicar a quantidade de trabalho produzido, mas sem dúvidas eleva a qualidade”, diz Barros.
Olhando adiante
Desta maneira, o publicitário acredita que muitos projetos e ideias sairão da gaveta neste ano. Ele diz ter essa perspectiva observando o comportamento das empresas, que se mostram animadas em um contexto de vacinação em massa e com pelo menos a perspectiva de fim para a pandemia surgindo no horizonte. Não por acaso, ele acredita que a dor imaginada para a economia neste ano “será maior do que a dor que será sentida”.
“Acredito que a economia brasileira, assim como a economia global, sofreu com as fases mais agudas da pandemia. Mas o Brasil tem uma capacidade enorme de ressurgir das cinzas”, afirma Barros. “À medida que a pandemia vai sendo cada vez mais controlada, o mundo se voltará seus olhos mais uma vez para o Brasil, e isso vai desencadear uma série de novos investimentos.”
Agência Estadão