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15 de maio: o dia de quem trabalha para garantir direitos

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Ronan Carlos Meira Ramirez
Ronan Carlos Meira Ramirez
Ronan Carlos é jornalista, diretor do 61notícias e apresentador do canal 61podcast no YouTube, com mais de meio milhões de inscritos. Em 1997, estreou na tv como publicitário fazendo várias participações em programas de tv anunciando empresas e marcas com relevância nacional e internacional. Em 2022, lançou o livro sabores da vida uma autobiografia de sua história de vida e superação.

Ouvir, orientar, acolher, encaminhar. São muitos os verbos para tentar descrever o trabalho de profissionais que, diariamente, atuam no suporte da população vulnerável e na garantia de direitos. São os assistentes sociais, trabalhadores que tiveram a sua atuação regulamentada no Brasil há 59 anos, em 15 de maio de 1962, data até hoje celebrada como o Dia do e da Assistente Social.

E em 2021, a Secretaria de Assistência Social (Sedes) celebra a data com o sentimento de renovação. Nos últimos doze meses, o número de profissionais saltou de 93 para 166, graças à posse de 73 novos servidores após aprovação em concurso público.

A Secretaria de Desenvolvimento Social, atualmente, com 166 assistentes sociais atuando na garantia de direitos dos cidadãos | Foto: Renato Raphael /Sedes

São profissionais que já estão na linha de frente no atendimento à população em risco social no Distrito Federal. Como é o caso da assistente social Natália Moura, do Cras Planaltina, que usa a palavra “garra” para descrever como irá trabalhar. “O desafio é atender a população vulnerável, é lutar pelos seus direitos, é ouvi-las, é orientá-las e estar nessa garra diariamente”, relata.

Estar preparada é também o sentimento da assistente social Josiane Louzeiro, do Cras de Santa Maria. “Nós temos que estar sempre preparado para atender à população, aqueles mais desfavorecidos, a terem seus direitos fundamentais”, conta. Servidora da Sedes há um mês, ela não esconde seu sentimento de realização. “É uma profissão muito linda”, diz.

E elas não vão estar sozinhas. Elizabeth Barbosa, do Cras do Gama, com mais e uma década na pasta, dá um conselho para os recém-chegados. “Que possam assumir com dignidade e respeito, porque trabalhar na assistência social não é fácil. Lida com violação de direitos, e quando é violação de direitos você tem que ir para o embate, tem que solicitar e garantir direitos”, define.

Desafios da pandemia

E o reforço do corpo técnico da Sedes veio em momento oportuno. A pandemia de covid-19 elevou o número de atendimentos nas unidades da rede socioassistencial, e ainda ampliou a demanda pelos benefícios sociais. O resultado pode ser visto em números: nos quatro primeiros meses de 2021 foram 75.283 atendimentos nos 27 Centros de Referência de Assistência Social (Cras).

Os programas de acolhimento também registraram ampliação com 1.996 pessoas atendidas entre janeiro e abril. Houve ainda mais 8.403 concessões do benefício calamidade, frente a 1.374 no mesmo período do ano passado. O benefício por morte também saltou de 468 para 1.162.

Houve ainda a criação do Cartão Prato Cheio, com mais de 78 mil famílias já beneficiadas em um ano do programa, unindo-se ao benefício da Cesta Verde, que passou de 14.114 pessoas beneficiadas de janeiro a abril de 2020 para 23.385 nos mesmos meses de 2021.

“Para além dos números, esse resultado positivo é fruto da dedicação e do profissionalismo das nossas servidoras e servidores que estão nas unidades da linha de frente”, explicou a secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha. “Entendemos a assistência social como uma área prioritária para combater os efeitos causados pela pandemia, e exatamente por isso, apesar das restrições, nomeamos um elevado número de assistentes sociais e de outros profissionais em um ano,” afirmou.

No Cras do Guará, a assistente social Lorena Braga ressaltou a criação de novas formas de trabalhar. “A gente vem descobrindo novas formas de atender. Vamos criando novas estratégias, novas formas de trabalhar”, contou. Mas ela não esconde a vontade de, tão logo seja possível, poder mais uma vez encontrar os grupos de moradores para as ações que realizava presencialmente.

Na Casa de Passagem localizada em Taguatinga, a assistente social Marcela Melo, do Instituto Tocar, ressaltou que por conta da pandemia há tanto profissionais atuando à distância quanto outros que precisam manter a atendimento presencial. “Tem sido alvo de muitos debates na categoria, com muito diálogo. Como eu consigo ter acesso a esse usuário ou como esse usuário teria acesso a mim?”, pondera.

Contra o preconceito

A assistente social Daniele Gomes trabalha no Centro Pop Brasília, e diz ter como desafio o perfil variado do grupo. “Às vezes a gente atende pessoas em situação de rua que possuem nível superior, como também atendo pessoas vivendo na rua que não são alfabetizadas” | Foto: Renato Raphael /Sedes

Responsável pelo atendimento de população em situação de rua no Centro Pop Brasília, a assistente social Daniele Gomes ressalta o perfil variado do grupo. “Às vezes a gente atende pessoas em situação de rua que possuem nível superior, como também atendo pessoas vivendo na rua que não são alfabetizadas”, conta. A discrepância ficou ainda mais evidente nessa pandemia, com pessoas que por vezes viviam com certa estabilidade, tendo agora perdido completamente sua renda.

Essa também é a realidade da assistente social Kelly Douto, do Creas Sobradinho. Há 18 anos na profissão, sendo 11 anos como servidora do governo do Distrito Federal, ela esclarece a relevância de não ter preconceito com a população atendida. “Até hoje as pessoas identificam a assistência social como uma política voltada apenas para pessoas de baixa renda, apenas para essas pessoas terem acesso a benefícios sociais.

Só que a assistência social vai muito além disso. Dentro do Creas a gente atende famílias e indivíduos vítimas de violação de direitos porque a assistência é de quem dela necessitar, independente da classe social”, explica. Nos 11 Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), por vezes a luta por direitos não é para assuntos como alimentação, e sim, por exemplo, o respeito à diversidade sexual.

A luta contra o preconceito é ressaltada pela secretária Mayara Noronha Rocha. À frente da Sedes, ela ressalta que as pessoas atendidas não estão ali por terem infringido a lei, pelo contrário, estão sim com seus direitos ameaçados.

“É preciso que toda a sociedade conheça e abrace a causa da assistência social. Quando a comunidade acolhe iniciativas como as Casas de Passagens, por exemplo, os resultados são positivos para todos”, exemplifica. A gestora também afirma a importância da articulação com outras políticas públicas, em áreas como saúde, educação e emprego.

* Com informações da Sedes

Fonte: Agência Brasília

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