29.6 C
Distrito Federal

Assentamento Dorothy Stang em Sobradinho se torna palco de guerra entre grupos criminosos

Disputa por território, grilagem, tráfico e violência marcam a rotina na área, que está em processo de regularização

Mais Lidas

O assentamento Dorothy Stang, localizado em Sobradinho, no Distrito Federal, tornou-se cenário de intensos conflitos entre grupos criminosos rivais, que disputam o controle da área por meio de grilagem, tráfico de drogas, extorsão e homicídios. As investigações policiais e decisões judiciais recentes apontam que o local, que está em processo de regularização, tem sido dominado por uma violência estrutural que transforma o espaço em um verdadeiro “palco de guerra”.

Em interceptações telefônicas obtidas pela Polícia Civil, o chefe do grupo criminoso conhecido como Gilmar ordenou um massacre nas ruas próximas do assentamento. “Tem que atirar para matar. Tem que ficar no susto não”, disse o criminoso a um comparsa, reforçando a intenção de impor o domínio por meio da força e da violência extrema.

A juíza Iracema Botelho, responsável por uma decisão judicial em 30 de setembro, descreveu a situação como uma mudança significativa no padrão de criminalidade local, destacando o fortalecimento das organizações criminosas, as alianças entre facções rivais e a infiltração de servidores públicos e advogados em esquemas ligados ao crime. Segundo ela, “o Distrito Federal, particularmente, vem sofrendo significativa mudança dos padrões de criminalidade”.

As disputas no assentamento têm caráter territorial. Segundo os inquéritos analisados, grupos como o Comando Nova Colina (CNC) e a Galera do Gilmar controlam áreas específicas do assentamento. A rivalidade aumentou em 2020, quando o CNC tentou expandir sua área para dentro do território já dominado pela Galera do Gilmar, desencadeando uma série de confrontos que resultaram em 12 vítimas, entre elas quatro homicídios.

Além do tráfico de drogas e da compra e venda de armas ilegais, os criminosos aplicam extorsões nos moradores, cobrando “taxa de segurança” que lembra o modus operandi das milícias. Um caso emblemático relatado pela polícia foi o de uma moradora que pagava mensalmente R$ 30 para a Galera do Gilmar garantir a segurança de seu lote, comprado por R$ 268 em 2017. A disputa pela área, no entanto, resultou em invasões, furtos e assassinatos.

O assentamento recebeu o nome em homenagem à missionária Dorothy Stang, assassinada no Pará em 2005 por sua luta contra a exploração ilegal de terras e o desmatamento. No entanto, a realidade em Sobradinho é marcada pela violência e pela disputa territorial entre grupos criminosos, o que contrasta com o ideal de justiça social que o local deveria representar.

Procurados, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) informou que existe um procedimento na Procuradoria de Urbanismo (Prourb) tratando da regularização do assentamento. A promotoria local é responsável pelo acompanhamento dos crimes comuns, enquanto o Governo do Distrito Federal ainda não se pronunciou oficialmente sobre a situação.

fonte: Metropoles

Nos siga no Google Notícias

Comentários

Veja também

Últimas Notícias