Para combater o mosquito Aedes aegypti, 2.671.983 imóveis do Distrito Federal foram inspecionados entre janeiro e o início de dezembro pela Vigilância Ambiental. Desse total, 370.518 receberam tratamento e 482.140 estavam fechados ou tiveram a entrada dos agentes recusada pelos proprietários.
As visitas estão entre as ações da Secretaria de Saúde (SES) para evitar o criadouro e a proliferação do transmissor da dengue, zika e chikungunya, que incluem ainda o monitoramento das infestações, o manejo ambiental, o uso de inseticidas e de armadilhas e o mapeamento das áreas de risco.
“É sabido que, por conta de uma adaptação que o mosquito vem apresentando, a transmissão do vírus se mantém durante todo o ano, inclusive nos meses de seca”
Jadir Costa Filho, diretor da Vigilância Ambiental
Diariamente, os agentes da vigilância ambiental vão até residências e estabelecimentos comerciais para orientar moradores e comerciantes e, quando necessário, também atuam com tratamentos.
“A vistoria diária contribui para a diminuição da incidência das arboviroses”, afirma o diretor da Vigilância Ambiental, Jadir Costa Filho. “É sabido que, por conta de uma adaptação que o mosquito vem apresentando, a transmissão do vírus se mantém durante todo o ano, inclusive nos meses de seca. Portanto, o trabalho não pode parar.”
A escolha dos locais é feita a partir do sistema LIRAa (Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti), que, neste ano, está classificado como satisfatório e não conta com nenhuma região administrativa classificada como risco.
“Já em 2021, tínhamos uma situação de alerta, com cinco RAs classificadas como zona de risco. Isso demonstra que as ações de controle vetorial estão avançando, em especial com o apoio de vários órgãos do Governo do Distrito Federal, o que deve refletir na diminuição do número de casos neste período chuvoso”, acrescenta o diretor da Vigilância Ambiental.
Vistoria
A região do Guará I foi a escolhida para a visita dos agentes na segunda semana deste mês. Sob coordenação da agente de vigilância ambiental Herica Cristina Marques Pereira, um grupo de profissionais foi de porta em porta verificar o interior das casas. “Temos visitas em seis regiões administrativas todos os dias, inspecionando, orientando e falando para o morador sobre a importância de não deixar o foco do mosquito e de fazer a limpeza”, explica a agente.
“A nossa orientação é que a pessoa faça a manutenção semanalmente em casa, que separe dez minutinhos do dia para essa vistoria na própria residência”, afirma. “Nós precisamos da ajuda de todos. Todos têm que ter atitude”. Herica lembra que os ovos da fêmea do mosquito ficam de um ano até 450 dias no período seco; quando está chovendo, em um período de 15 a 30 minutos é possível ter uma larva, e em uma semana o mosquito já é considerado adulto.
A residência da aposentada Rosângela Ferreira dos Santos, 65 anos, foi uma das casas vistoriadas. Moradora do local desde 1997, ela conta que recebe a visita de um agente entre três e cinco vezes por ano. “Ao me responsabilizar pelo que estou fazendo na minha casa, estou me responsabilizando pelo meu vizinho”, ressalta a moradora.
Até hoje, os agentes nunca encontraram larvas do mosquito na casa de Rosângela. “Aqui em casa tem muita planta, então eu preciso ter muito cuidado”, diz ela. “Esses dias havia uns cocos caídos, que eu rodei e emborquei para não ter problema”.
Quem também sempre ganha “nota 10” dos agentes é a pensionista Maria Nilce Alves Teixeira, 80. Há 60 anos na mesma casa, ela tem em sua rotina os cuidados para evitar o Aedes aegypti. “Eu uso inseticida nos cantos da casa, lavo os ralos com água sanitária e sempre tenho cuidado para não ter água acumulada”.
O aposentado Severino Francisco Pereira, 77, mora no Guará há 50 anos e recebe a cada dois meses um agente da vigilância ambiental. “Nunca encontraram nada”, conta. “Não tem água empoçada aqui. Não deixo vasilhas com água e também coloco as garrafas emborcadas e tapadas, além de olhar sempre as calhas”.
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