A pedido da Secretaria de Juventude (Sejuv), a Companhia de Desenvolvimento do Distrito Federal (Codeplan) elaborou um estudo sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) no DF. Dados do Ministério da Saúde apontam que, entre 1980 e 2020, foram registrados no Brasil 1.011.617 casos de Aids. Entre as capitais, o Distrito Federal ocupa a 27ª posição nesse ranking.
Já com relação à sífilis, com base nos dados levantados pelo ministério em 2019, a Codeplan apurou que Brasília está situada entre as dez unidades federativas com maiores taxas dessa doença em forma congênita (8,4 de cada grupo de mil nascidos vivos) e na gestação (15,4 por mil nascidos vivos).
Já as taxas de incidência de hepatite no DF apresentam tendências análogas à do Brasil. Na comparação com as demais taxas nas capitais do país, Brasília ocupa a 19ª posição para hepatite A, 18ª para hepatite B e 17ª posição para hepatite C.
As ISTs são causadas por vírus, bactérias ou outros micro-organismos. A transmissão se dá, principalmente, por contato sexual sem preservativo, feminino ou masculino, com uma pessoa que esteja infectada. Essas infecções também podem ser transmitidas da mãe para o bebê durante a gestação, parto ou amamentação; e de maneira menos comum, por meio de contato de mucosas ou pele não íntegra com secreções corporais contaminadas.
Por regiões
As regiões administrativas (RAs) com mais notificações no período de análise da Codeplan foram Ceilândia (134.633 mil jovens entre 12 e 29 anos) e Samambaia (71.721 mil jovens entre 12 e 29 anos), ambas com maior população na faixa etária estudada. Em RAs com menos habitantes, como Fercal (3.254 mil jovens entre 12 e 29 anos) e SIA (797 jovens entre 12 e 29 anos), foram detectados menos casos.
Os maiores números de diagnósticos foram de Aids, sífilis adquirida e HIV, respectivamente. A infecção por HIV foi mais prevalente em jovens entre 19 e 24 anos, enquanto a por Aids foi mais frequente a partir da faixa dos 25 anos. A análise por gênero mostrou que a maior parte das notificações dessas infecções foi entre pacientes do sexo masculino, com exceção das hepatites virais e sífilis gestacional, que acometem apenas grávidas.
Os casos de ISTs em evolução na capital podem ser um fator preocupante para as autoridades de saúde, uma vez que, além dos riscos à saúde e o aumento no número de contaminação, há um custo associado a longos tratamentos.
Notificações
“Conhecer os jovens e a sua realidade é fator determinante para a construção de políticas públicas efetivas que possam beneficiá-los, e a parceria firmada entre Sejuv e Codeplan é um presente para a juventude do DF, já que é mais um instrumento que nos permite buscar iniciativas bem-sucedidas”, avalia a secretária de Juventude, Luana Machado. “Desta vez, temos o lançamento do panorama das notificações de infecções sexualmente transmissíveis IST entre jovens do DF, que traz dados significativos e importantes para futuras ações da nossa pasta.”
“Precisamos aprimorar as estratégias de comunicação e de educação em saúde para falar sobre prevenção, diagnóstico e tratamento das infecções sexualmente transmissíveis” Beatriz Maciel Luz, gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Saúde
A gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Saúde (SES), Beatriz Maciel Luz, explica que o caminho para a prevenção é o conhecimento e a conscientização. “O estudo sobre o panorama das ISTs entre os jovens no DF é de muita relevância, já que essa população é considerada prioritária por estar mais vulnerável às infecções”, explica.
A gestora lembra que muitos jovens se expõem a situações que representam risco de adquirir uma IST. “Portanto, precisamos aprimorar as estratégias intra e intersetoriais – saúde, educação e assistência social –, de comunicação e de educação em saúde, para falar sobre prevenção, diagnóstico e tratamento das infecções sexualmente transmissíveis”, afirma.
Entre as iniciativas em curso no DF para conscientização e prevenção, destaca-se a Semana Distrital de Ações e Prevenção ao HIV/Aids, com palestras e seminários sobre o tema, oficinas de capacitação para educadores e reapresentações da sociedade civil em estabelecimentos públicos de ensino e de saúde, repartições públicas e penitenciárias. A SES também oferece preservativos, gel e profilaxia pré e pós-exposição ao HIV e outras ISTs em suas unidades de atendimento, além de tratamento gratuito para HIV, hepatites B e C, sífilis e outras ISTs.
“Dados de infecções sexualmente transmissíveis do Sistema de Informação de Agravos de Notificação entre 2007 e 2017 para jovens entre 12 e 17 anos no DF mostram maior aumento nas notificações de HIV e sífilis”, esclarece o gerente de pesquisas da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais da Codeplan, Gustavo Frio. Segundo ele, nesse período também foi verificada uma redução nas notificações de hepatites virais.
Metodologia
A análise feita pela Codeplan considera jovens entre 12 e 29 anos, de acordo com os critérios estabelecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Política Nacional de Juventude (PNJ), que definem adolescência o período entre 12 e 18 anos e jovens aqueles na faixa etária de 15 a 29 anos, respectivamente. As idades foram divididas nos grupos de 12 a 18 anos, 19 a 24 anos e de 25 a 29 anos.
*Com informações da Codeplan
Fonte: Agência Brasília