Projeto Ressocialização, Autonomia e Protagonismo (RAP) também disputa o prêmio de Melhor Escola do Mundo
Por Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Ígor Silveira
A expressão Rhythm and Poetry é a definição do gênero musical rap. Mas, para os integrantes do Núcleo de Ensino da Unidade de Internação de Santa Maria (UISM), a sigla carrega uma nova interpretação: Ressocialização, Autonomia e Protagonismo (Rap) – que não apenas batiza o projeto realizado na unidade, mas também é o grande vencedor da etapa nacional do V Prêmio Ibero-americano de Educação em Direitos Humanos Óscar Arnulfo Romero.
O projeto, apoiado pelo Governo do Distrito Federal (GDF), utiliza a musicalidade e a poesia como ferramentas pedagógicas, promovendo a cultura de paz e os direitos humanos para adolescentes em medida socioeducativa de privação de liberdade.
A secretária de Justiça e Cidadania do DF, Marcela Passamani, afirma que o GDF está comprometido com a ressocialização de jovens e adolescentes, buscando integrá-los de forma plena à sociedade. Ela também enfatiza que é uma prioridade da Secretaria de Justiça (Sejus-DF) desenvolver programas e estabelecer parcerias estratégicas em várias áreas, conforme diretrizes legais, para proporcionar aos jovens e adolescentes novas oportunidades e caminhos promissores.
“Com esses esforços, visamos oferecer alternativas que rompam com a vulnerabilidade e abram portas para um futuro melhor. A conquista do primeiro lugar desse projeto é uma prova contundente da relevância dessas ações e evidencia que, com o suporte adequado, esses jovens podem não apenas superar o ciclo de infrações, mas também alcançar o sucesso e realizar seu potencial. Iniciativas como esta são fundamentais para que os jovens se reconheçam como titulares de direitos e protagonistas de suas próprias vidas. Elas promovem uma mudança de perspectiva que é crucial para sua transformação”, destaca.
Nesta 5ª edição do prêmio, o foco está na promoção dos direitos humanos em áreas como coexistência democrática, pluralismo, igualdade racial, étnica ou de gênero, empoderamento de mulheres e meninas, defesa dos direitos dos migrantes, transformação verde e promoção dos direitos humanos no contexto da transformação digital e das redes sociais.
O prêmio tem duas fases: uma nacional, que reconhece as melhores iniciativas de cada país; e uma ibero-americana, onde os três melhores projetos serão premiados com US$ 8 mil para o primeiro lugar, US$ 4 mil para o segundo e US$ 2 mil para o terceiro.
A cerimônia de premiação internacional será realizada em setembro no Rio de Janeiro, durante o V Encontro Ibero-americano de Educação em Direitos Humanos, organizado pela Organização de Estados Ibero-americanos (OEI). Os vencedores também receberão diplomas de credenciamento e serão nomeados embaixadores da Rede Ibero-americana de Educação em Direitos Humanos e para a Cidadania Democrática, com a possibilidade de apresentar suas iniciativas em outros fóruns e programas.
Melhor escola do mundo
O Núcleo da Unidade de Internação de Santa Maria também disputa o prêmio de Melhor Escola do Mundo como único representante do Brasil na categoria “Superando Adversidades”, graças ao projeto que ensina socioeducandos por meio da música.
Depois de ser selecionado entre ações de todo o planeta, o local chegou aos dez finalistas e, agora, disputa o título internacional de educação no voto popular, sendo o único brasileiro na categoria. Desde seu lançamento em 2015, mais de 1.500 socioeducandos já foram assistidos pelo Rap e a iniciativa coleciona mais de 20 prêmios, além de obras lançadas entre CDs, livros e produções audiovisuais.
❝ Com esses esforços, visamos oferecer alternativas que rompam com a vulnerabilidade e abram portas para um futuro melhor. A conquista do primeiro lugar desse projeto é uma prova contundente da relevância dessas ações e evidencia que, com o suporte adequado, esses jovens podem não apenas superar o ciclo de infrações, mas também alcançar o sucesso e realizar seu potencial.❞ Marcela Passamani, secretária de Justiça e Cidadania
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“O projeto propicia aos adolescentes a imersão em conhecimentos escolares por intermédio dos elementos do hip-hop, linguagem que é apreciada e afeta a eles, aliando o saber à cultura e à arte. A premiação só endossa todo o trabalho realizado, perpassando pela escola e pela equipe da unidade, que, em parceria, proporciona que os adolescentes aprendam, se expressem e colham os frutos desse tipo de interação diferenciada do processo educacional”, observa o subsecretário do Sistema Socioeducativo, Daniel Fernandes.
Na mesma categoria da UISM, concorrem escolas do Reino Unido, África do Sul, Afeganistão, Ucrânia, Serra Leoa, Polônia, Nigéria e Estados Unidos. Há, ainda, outras quatro categorias: Colaboração da Comunidade, Envolvimento Ambiental, Inovação, e Apoiando Vidas Saudáveis. Em todas elas, há mais três colégios brasileiros, sendo um de São Paulo, um do Pará e um do Amazonas. Serão distribuídos aos vencedores US$ 50 mil.
O professor da UISM, Francisco Celso, celebra mais uma conquista com o projeto. “Para mim, significa desconstruir a visão negativa que é reproduzida pelo imaginário social, de que no socioeducativo tem meninos e meninas problemáticos, enquanto na verdade tem meninos e meninas com muitos problemas, mas que acima de tudo são potências. A juventude não é o problema do nosso país, a juventude é a solução”, pontua.