A iniciativa da EC 10 de Taguatinga reúne textos produzidos por estudantes do 3º ao 5º ano da instituição em livro
Por Adriana Izel, da Agência Brasília | Edição: Ígor Silveira
Mais de 190 estudantes do 3º ao 5º ano da Escola Classe (EC) 10 de Taguatinga viveram este ano a experiência única de escrever um livro. O ato faz parte de um projeto da instituição criado em 2019 e batizado de Escritores Mirins. A iniciativa incentiva os estudantes a escreverem textos autorais, a partir do aprendizado em sala de aula, para serem impressos cada um em uma publicação própria.
“O projeto contribui demais para o processo de alfabetização e vem como uma forma de incentivo à leitura e à escrita. A partir do momento que a criança tem um interesse maior, automaticamente ela se desenvolve”, explica Emiliane Bueno, professora supervisora da escola. De acordo com ela, o projeto é direcionado para o 3º ano, mas também se estende para os jovens interessados no 4º e 5º ano. “Todos que querem participar são bem-vindos”, comenta.
As crianças têm liberdade para escolher o gênero literário a partir do conteúdo estudado. Por isso, há contos, poemas e poesias. Além disso, cada um dos jovens fica responsável pela ilustração do livro. A obra fica disponível em formato digital pelo site Estante Mágica e físico, esse último com direito a uma noite de autógrafos na escola nesta sexta-feira (25).
Devido aos custos da impressão, alguns dos autores mirins são apadrinhados. “Como algumas crianças não têm condições de adquirir o livro, elas são presenteadas com o apadrinhamento”, revela Emiliane.
A pequena Lorena Loures Alves de Abreu, 8 anos, escolheu escrever um conto. Ela se inspirou na história da Branca de Neve e os sete anões para criar uma narrativa original sobre uma menina que, ao perder a mãe e o pai, precisa ir morar com uma tia carinhosa e uma prima muito ruim. “Fui juntando algumas coisas que aconteceram, e quando comecei a escrever as ideias foram surgindo. Fui pensando e escrevendo”, conta.
Para a menina, a oportunidade vai ajudá-la a aprimorar a escrita. “Eu errei bastante [na hora de escrever], mas corrigi e deu tudo certo. Acho que quando eu pegar o livro e ver o resultado vou ter noção do que errei e do que acertei, porque eu pretendo ser escritora. Porque eu amo muito ler e escrever”, diz Lorena.
Italo Nunes Persiano, 9, gosta mais de desenhar do que escrever. Mas, ao participar do projeto, viu despertar um novo talento. “Nunca pensei em ser escritor, mas quando a minha professora falou, acabei pensando [numa história] e gostei muito [de escrevê-la]. Foi a minha melhor experiência criativa, porque ser escritor é algo novo para mim”, afirma.
Estímulo à imaginação
Ele criou uma ficção inspirada na franquia de desenhos e jogos Pokémon. “Surgiu na minha mente uma história com pokémons diferentes. Começou a rolar na minha mente com a história começando numa floresta, escrevi e desenhei tudo que surgiu na minha cabeça”, lembra.
O irmão do menino, o estudante Igor Nunes Persiano, 9, também participou do projeto. Só que o jovem preferiu escrever uma história baseada em sua própria narrativa. “Fiz uma história sobre a minha vida, desde o início até hoje. Falo das minhas características e da minha descoberta de ser autista. Pensei que era uma boa ideia falar da minha própria história”, afirma. A expectativa dele agora é que o conto possa chegar a mais pessoas.
A mãe de Igor e Italo, a dona de casa Kátia Nunes dos Santos, 43 anos, destacou que o projeto foi muito interessante para os filhos. “Eles ficaram bem animados, chegavam em casa e queriam continuar a escrever. Eu estou bem animada também para ver a história deles, porque está sendo uma surpresa para mim”, comenta.
Além de se emocionar pela experiência dos filhos, ela se sentiu tocada por poder ver a evolução do colégio que estudou na infância. “Está sendo muito gratificante, porque na minha época não tinha isso, não existia esse projeto quando estudei na minha infância. E hoje meus filhos estão podendo ter essa oportunidade. Isso é gratificante para mim”, classifica.