A arte tem feito diferença no tratamento em saúde mental no Distrito Federal. Na última quinta (6) e sexta-feira (7), unidades da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) participaram do Encontro da Arte — Cultura, Inclusão e Saúde Mental (EDA), realizado no Centro Comunitário Athos Bulcão, na UnB. O evento promoveu apresentações culturais, feira de economia solidária, concurso de poesia, exposição científica e rodas de conversa.
A proposta foi criar um espaço de expressão e convivência para pessoas que estão em atendimento nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Entre os participantes estava o grupo Pontos e Nós Tecelagem Manual, do Caps AD III de Samambaia, que levou peças produzidas pelos próprios usuários.
Um deles é o designer Moisés Queiroz, 55. Ele participa das atividades há seis anos e afirma que o acompanhamento recebido mudou sua trajetória.
“Eles me pegaram na rua e me transformaram. Deram a família que me faltava”, contou. Com o apoio da equipe multiprofissional, Moisés concluiu tecnologia em design de produto e está finalizando licenciatura em educação profissional. A meta agora é ajudar outras pessoas em processo de recuperação.
A psicóloga e supervisora do Caps AD III, Thereza Dantas, explica que atividades artísticas e coletivas fazem parte do tratamento.
“Muitos chegam sem reconhecer suas habilidades. Quando participam, descobrem que são capazes. Isso fortalece autoestima e reinserção social”, afirmou.
Os Caps atendem pessoas com sofrimento mental grave, incluindo casos relacionados ao uso de álcool e outras drogas, tanto em momentos de crise quanto em reabilitação psicossocial. O atendimento pode ocorrer por demanda espontânea ou por encaminhamento de outras áreas, como saúde, assistência social, educação e justiça.
As ações são realizadas principalmente em grupo e em espaços da comunidade, dentro do Projeto Terapêutico Singular, construído entre equipe, usuário e família. O DF conta atualmente com 18 unidades de Caps, distribuídas pelas regiões de saúde.
