“O brasileiro adora feira, e é natural que quem vem a Brasília tenha o prazer de conhecer uma das mais belas e diversificadas feiras públicas do Distrito Federal” Cristiano Jales, presidente da Associação Comercial Varejista da Feira do Guará
Representantes da Secretaria de Turismo (Setur) têm visitado frequentemente o Guará para promover os pontos turísticos locais. A iniciativa faz parte do programa Turismo em Ação, que, em sua oitava edição, inclui o Guará na rota turística do DF.
Na visita da semana passada, as equipes da Setur visitaram tradicional Feira do Guará, a Paróquia Maria Imaculada, o Kartódromo Ayrton Senna e os parques ecológicos Denner e Ezechias Heringer. O passeio foi coordenado pela secretária de Turismo, Vanessa Mendonça, e pela administradora do Guará, Luciane Quintana.
Feira do Guará
A inclusão da Feira do Guará no roteiro das empresas que atendem os turistas em Brasília foi uma das propostas defendidas por comerciantes do local durante a visita da secretária Vanessa Mendonça. “O brasileiro adora feira, e é natural que quem vem a Brasília tenha o prazer de conhecer uma das mais belas e diversificadas feiras públicas do Distrito Federal”, afirmou o presidente da Associação Comercial Varejista da Feira do Guará, Cristiano Jales.
A Feira do Guará existe desde 1969. Atravessou as décadas, entrou na modernidade e hoje já conta com o Wi-Fi Social, programa desenvolvido pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), e contas nas redes sociais. Atualmente, a feira do Guará tem mais de 600 lojas de comércio variado, registrando um movimento de aproximadamente 50 mil pessoas de quarta a domingo. Entre os produtos, destacam-se as roupas, acessórios femininos, eletrônicos, comidas como frutas e verduras, carnes, queijos e doces, além de iguarias típicas.
Um dos destaques da feira são as bancas de peixes. Pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Agronegócios da Universidade de Brasília (UnB ) identificou critérios para distinguir a qualidade dos produtos comercializados no local – como o frescor do peixe advindo de recente captura, as condições de conservação a frio, a limpeza e organização do ambiente, o conhecimento dos funcionários sobre os produtos comercializados, a variedade de peixes procedentes do mar e dos rios e o atendimento personalizado.
A diversidade, aliás, é o diferencial da Feira do Guará, que tem itens originários de várias regiões do país. É o que ressalta o empresário Sávio Kzam, que frequenta a o local há muitos anos e adquire produtos para sua sorveteria, de grande movimento. “Na Feira do Guará, eu encontro alguns produtos típicos, como a goma de tapioca, porque eu produzo tapioca no meu estabelecimento”, conta. “A farinha de tapioca, eu uso para fazer sorvete; o meu sorvete de tapioca é o mais tradicional o mais conhecido em Brasília”.
Arquitetura romana
Outro ponto turístico do Guará com condições de ser incluído nas rotas turísticas lançadas pela Setur é a Igreja da Paróquia Maria Imaculada, localizada na EQD 15/17, no Guará II. O pároco, padre Jorge Eldo Lira de Andrade, orgulha-se da arquitetura romana do prédio, bem como das obras sociais e de capacitação profissional que desenvolve há 41 anos. “A igreja é da comunidade do Guará, que tem um grande número de católicos”, aponta.
Desde o início da década de 1980, relata o padre, a comunidade do Guará acompanha e prestigia um dos mais belos templos católicos erguidos no DF. Em 1990, a com apoio da população, a paróquia ergueu uma nova igreja, com pé direito externo de 13 metros e algo semelhante na parte interna, onde despontam obras de arte religiosa, inclusive sobre católicos que foram mártires assassinados por sua fé.
“Nossas pastorais atuam em várias áreas e têm ajudado a diminuir as necessidades que muitas pessoas enfrentam, incluindo com a doação de alimentos” cita, animado com a obra social da igreja.
“Pulmões verdes”
Próximo ao Plano Piloto, o Guará atrai investimentos imobiliários, mas ainda conta com espaços verdes que funcionam como verdadeiros “pulmões” da área urbana, conforme salientou a superintendente da Unidade de Gestão e Conservação do Instituto Brasília, Rejane Pieratti, que acompanhou a visita da caravana da Setur ao Parque Ecológico Ezechias Heringer, mais conhecido como Parque do Guará.
O santuário ecológico foi idealizado em 1960, com o objetivo de preservar as margens do Córrego do Guará, que abastece o Lago Paranoá. Seu nome é uma homenagem ao agrônomo pioneiro Ezechias Heringer, que dedicou sua vida a estudar a flora do cerrado, em especial as orquídeas.
O parque oferece natureza e lazer aos moradores. Eles têm procurado o local para praticar esportes, levar os filhos ao parque infantil ou correr na pista de caminhada, construída por meio de parcerias com a iniciativa privada. A área é uma conquista da cidade, que teve a poligonal aumentada de 304 hectares para 346 hectares, após a retirada de 70 chacareiros.
“Sempre estamos fazendo caminhadas no parque”, conta Rute Pereira da Silva, que costuma passear por lá ao entardecer com sua mãe, Selma. “Antes, essa área era dominada por chacareiros, e ninguém entrava”. Microempreendedora individual que atua na área turística, Rute gostou de saber da iniciativa da Setur em impulsionar o interesse do turismo interno no Guará.
No parque, é possível ver vegetais nativos de Brasília, como o Podocarpus brasiliensis, conhecido como pinheiro-bravo, única espécie de pinheiro do cerrado local. Lá também existe um pequeno orquidário com espécies nativas.
Outra área verde que simboliza a preservação da cidade é o Parque Vivencial Denner, localizado no Polo de Modas do Guará. Foi criado pela Lei nº 739, de 28 de julho de 1994. Possui uma área de 2.735 hectares e um perímetro de 857 metros. Faz divisa com o Ezechias Heringer e com o Parque Ecológico e Vivencial Bosque dos Eucaliptos. É estruturado com pista de caminhada, parquinho e quadras esportivas. Também possui uma nascente e trecho de campo de murundu, vegetação típica do cerrado.
Um dos cuidadores voluntários é Edi Peixoto, aposentado que se dedica à preservação da área. Segundo contou, o parque foi batizado com o nome de Dener em homenagem a Dener Pamplona de Abreu (1937-1978), estilista brasileiro que foi um dos pioneiros da moda no Brasil. “Foi alusão ao Polo de Modas do Guará”, conta Edi, que tem, entre seus afazeres, o privilégio de alimentar pequenas tartarugas que habitam o lago do parque.
Celeiro de pilotos
O Kartódromo Ayrton Senna, inaugurado em 1976, está entre os melhores do país, com curvas e retas desenhadas pelo ex-kartista Cláudio Blois Duarte há 39 anos. As corridas são disputadas em duas configurações da pista, uma no sentido horário e outra no sentido anti-horário. O local é considerado um celeiro de pilotos, como os da família de Nelson Piquet, além Felipe Nasser, Roberto Pupo Moreno, Vítor Meira, Alex e Fernando Dias Ribeiro, Felipe Guimarães e tantos outros.
“Esse espaço é importante tanto para o Guará quanto para toda Brasília, porque conseguimos reunir cerca de 250 pilotos do DF e de outros estados que utilizam a pista de 875 metros para treinar com suas equipes e os 53 boxes existentes”, explicou o presidente da Associação dos Pilotos de Kart de Brasília (Askart), Dibo Moisés. “E em eventos, como as corridas, mais de 300 pessoas estão envolvidas com esse esporte.”
A secretária de Turismo endossa: trata-se de um espaço que pode ser considerado como polo econômico local. “Esse kartódromo deve ser ponto para a realização de eventos, permitindo a geração de emprego e renda”, disse.
A comerciante Nair Teixeira, 81 anos, comanda um restaurante instalado dentro do kartódromo e contou ter servido muita gente famosa, ao longo de quatro décadas. Ela torce para que a pandemia termine logo e o Kartódromo do Guará volte ao pódio das corridas movimentadas para reaquecer a economia local.
*Com informações da Secretaria de Turismo
Fonte: Agência Brasília