Fontes do governo que acompanharam o telefonema entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump nesta segunda-feira (6) relataram que os líderes não citaram, durante a conversa, os nomes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nem de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes.
Apesar de evitar mencionar essas figuras, a conversa, que durou cerca de 30 minutos, foi marcada por um pedido de Lula para que Trump revogasse as sanções impostas a autoridades brasileiras. As sanções, que foram aplicadas com base na Lei Magnitsky, afetam Moraes e sua esposa, Viviane, além de outros membros do STF e do governo brasileiro. Com a aplicação dessa lei, qualquer bem dos sancionados nos Estados Unidos está bloqueado, incluindo ativos de empresas associadas a eles.
Durante a ligação, Lula também solicitou a retirada de tarifas adicionais impostas a produtos brasileiros nos Estados Unidos. Desde agosto, uma sobretaxa de 40% foi aplicada aos produtos importados do Brasil, além de uma outra taxa de 10% que entrou em vigor em abril. Lula apresentou a Trump dados que mostram que os Estados Unidos têm superávit comercial com o Brasil, buscando convencer o ex-presidente a revisar essas taxas.
Além dos temas econômicos, os dois líderes também abordaram a relação bilateral e a “química” que tiveram durante a Assembleia-Geral da ONU. Segundo relatos, houve até uma troca de brincadeiras sobre as idades dos presidentes, com Lula completando 80 anos neste mês e Trump se aproximando de sua própria marca de 80 anos em 2026.
Negociações com Marco Rubio
Trump afirmou que discutirá internamente os pedidos feitos por Lula e designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para conduzir as negociações com ministros brasileiros. Entre os envolvidos estão Geraldo Alckmin, Mauro Vieira e Fernando Haddad. Apesar de Rubio ter emitido críticas ao Brasil no passado e de sua proximidade com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o governo brasileiro acredita que as negociações, sob sua liderança, serão positivas.
De acordo com fontes, tanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quanto outras autoridades brasileiras consideraram o tom da conversa com Trump positivo. A conversa foi realizada por iniciativa de Trump, após Lula sugerir o contato telefônico, o que foi visto como uma oportunidade para estabelecer uma relação de confiança e comunicação direta entre os dois países.
Encontro Presencial
Lula também destacou a importância de um encontro presencial com Trump. O ex-presidente americano concordou com a proposta e, agora, as equipes de ambos os lados buscam fechar uma data para esse encontro. As opções em aberto incluem Malásia, onde ocorrerá a Asean no final de outubro, Belém para a COP30 em novembro, ou Washington, mais adiante.
A conversa entre Lula e Trump foi vista como um passo importante para o restabelecimento das relações entre o Brasil e os Estados Unidos, que, durante o governo de Bolsonaro, passaram por momentos de tensão e divergências políticas.
fonte: g1