A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu, nesta quinta-feira (18/9), quatro pessoas suspeitas de envolvimento direto no incêndio que matou cinco pacientes da Comunidade Terapêutica Liberte-se, no Paranoá. A tragédia ocorreu na madrugada de 31 de agosto e chocou o DF pela gravidade das circunstâncias e pela situação ilegal da clínica.
Entre os presos estão Douglas Costa de Oliveira Ramos, 33 anos, proprietário da clínica, sua esposa e sócia Jockcelane Lima de Sousa, 37 anos, além do coordenador da unidade e um monitor voluntário. As identidades dos dois últimos não foram totalmente confirmadas até o momento.
Durante a operação, a PCDF cumpriu mandados de busca e apreensão na clínica e nas residências dos investigados. Foram encontrados medicamentos, anabolizantes, dois simulacros de arma de fogo, laptops e celulares. A investigação aponta para um cenário de negligência, irregularidade e possível abuso contra os internos.
Internos trancados com cadeado
De acordo com o delegado Bruno Cunha, da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), o incêndio atingiu uma das edificações onde 21 internos estavam trancados com cadeado. A clínica, que não possuía alvará de funcionamento, abrigava 46 pacientes no total — os demais estavam em outra construção, na parte externa.
A suspeita é de que os sócios e funcionários cometeram uma série de crimes, incluindo homicídio doloso, cárcere privado e prescrição de medicamentos sem autorização médica. Se condenados, podem pegar mais de 30 anos de prisão.
Funcionamento irregular e maus-tratos
As investigações revelaram ainda que o local funcionava há cinco meses de forma totalmente clandestina. A clínica não possuía licença do Corpo de Bombeiros nem autorização da Vigilância Sanitária. Em depoimento, Douglas afirmou que dormia fora da unidade e que a porta da casa onde estavam os internos estava trancada “por segurança”, após casos de furto.
Relatos colhidos durante as diligências indicam que os pacientes eram mantidos em regime de internação compulsória irregular, sem comunicação ao Ministério Público do DF, como exige a legislação. A polícia apura também denúncias de maus-tratos, castigos físicos e impedimento de contato com familiares.
Perícia em andamento
A causa exata do incêndio ainda não foi determinada, mas a perícia aponta para origem humana — resta saber se foi intencional ou acidental. A PCDF segue colhendo depoimentos e evidências para esclarecer todos os responsáveis pela tragédia.
A clínica foi acionada pela reportagem para comentar o caso, mas não respondeu até a publicação desta matéria. O espaço permanece aberto para manifestação