A segunda fase do relatório Panorama da Economia Criativa do Distrito Federal – que será lançada oficialmente na terça-feira (18) – apontou que o DF tem mais de 90 mil agentes criativos registrados. Elaborado por pesquisadores da Universidade Católica de Brasília (UCB), o estudo conta com fomento da Secretaria de Turismo (Setur) e da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), além de órgãos privados.
Segundo o secretário-executivo de Cultura e Economia Criativa, Carlos Alberto Júnior, esse setor compõe 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do DF. O valor é maior que a porcentagem nacional, de 3,11%, de acordo com uma pesquisa da Fundação Itaú feita em abril deste ano.
“São números expressivos que ajudam a Secec [Secretaria de Cultura e Economia Criativa] como órgão para formalizar e executar políticas públicas”, explica. “Temos um grande potencial nesse setor. É preciso enxergá-lo e oferecer o apoio necessário. A cultura dá muito retorno. A gente não está gastando com a cultura, está investindo e movimentando a economia.”
Em nível nacional, entre 2012 e 2020, o setor de economia criativa gerou 7,4 milhões de empregos. Só no ano passado, o segmento movimentou mais de R$ 9 bilhões.
A pesquisa
Segundo um dos desenvolvedores do estudo, o pesquisador Alexandre Kieling, da UCB, o relatório parcial engloba categorias diferentes dos setores de economia criativa. São 25 atividades diferentes, que se dividem em quatro principais categorias:
→ Atividades primárias – artesanato, criação musical, criação performática, criação visual, plástica e literária;
→ Indústrias culturais – design, espetáculos, fotografia, indústria fonográfica, livros e editorial, patrimônio cultural e natural;
→ Indústrias criativas – arquitetura, audiovisual, educação/pesquisa e inovação, eventos, feiras e festa, gastronomia, jogos e games, mídias (rádio/TV), moda, publicidade, turismo e software;
→ Atividades correlatas ou transversais – infraestrutura, esporte, lazer, gestão e administração.
Para identificar o número total de agentes criativos no Distrito Federal, foi utilizado o banco de dados de órgãos públicos. A partir daí, os pesquisadores separaram o que era economia criativa e fizeram depurações, encontrando empresas e pessoas físicas registradas em atividades culturais.
Políticas públicas
Dos mais de 90 mil registros encontrados, 68 mil são autônomos e 28 mil estão ligados a associações, com cadastros avulsos. De acordo com Kiesling, o maior número desses agentes está concentrado na categoria das indústrias criativas.
Com esses dados, avalia o pesquisador, o governo pode direcionar as políticas públicas com mais segurança no DF, por saber o potencial que cada região tem, proporcionando investimentos mais específicos para desenvolver essas áreas. “Se você consegue sofisticar essa produção cultural, alavanca a produção nacional e internacional, além de ativar a iniciativa privada”, pontua. “Fica mais fácil desenvolver modelos de negócio e focos de ação.”
Integrante de diferentes projetos culturais no DF, o músico, compositor e produtor Victor Angeleas avalia a pesquisa com boas perspectivas: “Isso é algo muito grande, significa que as pessoas querem cultura em Brasília. Mostra que o nosso trabalho está sendo efetivo. São muitos agentes, e todo mundo tem seu papel, que é importante para a cultura e a economia da cidade se movimentarem. E o governo demonstrando apoio reverbera de uma maneira incrível, porque isso é valorização da cultura e investimento na economia e na sociedade”.
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