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Presidente do BC: emissão de títulos verdes depende do teto de gastos

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Ronan Carlos Meira Ramirez
Ronan Carlos Meira Ramirez
Ronan Carlos é jornalista, diretor do 61notícias e apresentador do canal 61podcast no YouTube, com mais de meio milhões de inscritos. Em 1997, estreou na tv como publicitário fazendo várias participações em programas de tv anunciando empresas e marcas com relevância nacional e internacional. Em 2022, lançou o livro sabores da vida uma autobiografia de sua história de vida e superação.

A emissão de green bonds (títulos verdes, que financiam projetos ambientais) no exterior pelo governo brasileiro é limitada pelo teto de gastos, disse hoje (12) o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Ele disse acreditar que a demanda por esse tipo de papel tem potencial para disparar nos próximos anos, mas advertiu que a execução dos projetos esbarra no limite federal de despesas.

“O Brasil pode emitir green bond à vontade, mas quanto vou conseguir gastar em projetos verdes? Porque isso também fica dentro do teto”, questionou Campos Neto no seminário internacional Agronegócio Sustentável no Brasil, em Lisboa. O evento é promovido pelas Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado e da Câmara dos Deputados.

O presidente do BC disse acreditar que os títulos verdes não canibalizariam a demanda por outros títulos públicos brasileiros emitidos no mercado internacional, como os papéis da dívida externa brasileira. “Títulos verdes têm demanda muito grande e têm tudo para crescer”, comentou.

Criptomoedas

O seminário também tratou das criptomoedas (moedas digitais criptografadas), cuja mineração (emissão) consome grandes quantidades de energia por computadores e é vista em alguns países como problema ambiental. Segundo Campos Neto, o Brasil mais importa do que produz esse tipo de ativo, a ponto de as compras afetarem a balança comercial, desde quando as compras de bitcoin passaram a ser registradas como importações na metodologia do BC.

De acordo com Campos Neto, os criptoativos são mais usados no Brasil como ferramenta de investimento (aplicações para fazer o dinheiro render), mas não descartou que o uso das moedas digitais como meio de pagamento aumente no país. “Vimos em outros países que, quando [a proporção de criptoativos] passa de 4% a 5% de investimento, passa a ser usado como meio de pagamento. Estamos em uma fase mais inicial no Brasil”, acrescentou.

O relator do projeto de lei que regulamenta os criptoativos no Brasil, senador Irajá (PSD-TO), participou do seminário como mediador do painel. O parlamentar disse que pretende pautar a proposta na próxima semana para ser votada na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Mercado de carbono

Campos Neto disse que os bancos centrais precisam estar mais preparados para a transição para a economia verde. Isso porque questões climáticas tendem a afetar cada vez mais a inflação e a política monetária, como a alta de alimentos decorrentes de quebras de safra e a elevação no custo da energia.

“A bandeira de energia saiu de menos de R$ 2 para R$ 14,40 por falta de chuvas. Temas climáticos afetam a política monetária”, declarou. O presidente do BC também pediu que os bancos, públicos e privados, emprestem mais recursos para projetos ambientais.

Em relação ao mercado de créditos de carbono, Campos Neto defendeu o desenvolvimento de um sistema de trocas global, que distribua os custos entre produtores e consumidores. “A carga de carbono hoje é maior sobre quem produz do que sobre quem consome. Se [esse tema] não for equacionado, alguns produtores de insumos vão deixar de produzir com essa carga de carbono. O consumidor vai ter que deixar de consumir ou consumir mais caro”, advertiu.

O presidente do BC criticou a imposição de impostos sobre as emissões de gás carbônico, como alguns países propuseram na 26ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP26). Segundo ele, um mercado global e funcional saberá financiar projetos de forma mais eficiente que governos.

Fonte: Agência Brasil

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