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Apesar de calendário variado, Copa São Paulo segue relevante na base

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Ronan Carlos Meira Ramirez
Ronan Carlos Meira Ramirez
Ronan Carlos é jornalista, diretor do 61notícias e apresentador do canal 61podcast no YouTube, com mais de meio milhões de inscritos. Em 1997, estreou na tv como publicitário fazendo várias participações em programas de tv anunciando empresas e marcas com relevância nacional e internacional. Em 2022, lançou o livro sabores da vida uma autobiografia de sua história de vida e superação.

Realizada desde 1969, a Copa São Paulo é o torneio de base mais tradicional do país. Por muito tempo, a competição da Federação Paulista de Futebol (FPF) reinou absoluta como a principal da temporada para jovens até 20 anos (entre 2010 e 2012, o evento foi sub-18). Hoje ela divide atenções com os Campeonatos Brasileiros e as Copas do Brasil sub-17 e sub-20. Ainda que não seja mais uma protagonista solitária, a Copinha segue fundamental no planejamento dos clubes na formação.

“Obviamente, todas as competições são importantes no processo formativo, tanto estaduais como nacionais, porque conseguimos analisar e ver a continuidade no processo, dar rodagem e minutagem a todos os atletas. A Copa São Paulo dá mais visibilidade. Foi um processo de construção durante o ano inteiro, onde a exposição é maior na Copa São Paulo”, analisou Felipe Gil, coordenador da base do Santos – que decide a Copinha nesta terça-feira (25), diante do Palmeiras, a partir das 10h (horário de Brasília), no Allianz Parque.

A Copa São Paulo é disputada em janeiro, reunindo (atualmente) 128 clubes de todo o país, que jogam na capital paulista e cidades da região metropolitana e do interior ao longo de 24 dias. Inicialmente, os times são divididos em grupos de quatro. Os dois melhores de cada chave avançam ao mata-mata. As equipes de fora de São Paulo são selecionadas por meio dos respectivos campeonatos estaduais.

Os Brasileiros sub-17 e sub-20, por sua vez, envolvem os 20 clubes mais bem colocados no ranking da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que jogam entre si na primeira fase, com os oito melhores se classificando às quartas de final. Já as Copas do Brasil reúnem 32 times dos 26 estados e do Distrito Federal, sendo dois de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná e um de cada uma das demais unidades federativas (todos definidos pelo desempenho nos respectivos torneios estaduais).

As duas competições ocupam a maior parte do calendário. Em 2021, as Copas do Brasil foram de março a junho, quando iniciaram os Brasileiros, que seguiram até novembro. No sub-17, o Flamengo levantou a taça dos dois torneios. No sub-20, Coritiba (Copa) e Internacional (Brasileiro) foram os campeões.

“A Copinha acontece justamente no período no qual o futebol brasileiro está de férias, então, há muito espaço na mídia e uma repercussão grande. Os Campeonatos Brasileiros e as Copas do Brasil são mais espaçadas, dão uma ótima margem de avaliação e fazem com que consigamos amadurecer os jogadores para justamente auxiliá-los no processo de transição. São torneios nos quais os atletas viajam e experimentam um pouco do que seria o calendário do profissional. Os estádios, muitas vezes, são os mesmos onde o profissional joga”, comparou Antônio Garcia, diretor-executivo da base do Fluminense.

O calendário mais extenso, porém, é limitado a poucos clubes, o que ainda torna a Copa São Paulo o grande marco do ano para a maioria dos times do país. O Mirassol, por exemplo, terá em 2022 a experiência de competir na Copa do Brasil sub-20, graças ao vice-campeão paulista na última temporada, superado pelo Palmeiras. Pelo ranking da CBF, porém, o Leão (que foi até as quartas de final desta edição da Copinha, caindo para o Santos nos pênaltis) ainda não estará no Brasileiro da categoria.

“[A Copa São Paulo] é a competição que esperamos a temporada inteira e para a qual nos planejamos, ajustamos metodologia, para chegarmos mais preparados, pela visibilidade e pelos retornos ao clube. Temos outros campeonatos, como o Paulista, que também é bem-visto, mas nada comparado à Copinha, que exige muito dos jogadores, principalmente nas partes física e mental”, descreveu o gerente da base do Mirassol, João Vitor Scavacini.

Transição

Justamente pela visibilidade, a Copa São Paulo instiga o torcedor e o leva a perguntar: quando verei tal atleta no profissional? Em alguns casos, a competição é o último estágio na base. No Mirassol, mesmo após o desempenho no Estadual sub-20, nove garotos ainda tiveram a Copinha pela frente antes de reforçarem o elenco principal para as disputas do Campeonato Paulista, da Copa do Brasil e da Série C do Campeonato Brasileiro.

“A transição do sub-20 ao profissional é feita durante a temporada inteira. Sem dúvida, a Copinha tem um peso gigante, mas não depende só dela. Tudo é conversado com a comissão, com a diretoria, [é analisado] o que se mostrar nos treinos. A Copinha sela a temporada da base, por isso que é depois dela que os meninos sobem”, argumentou Scavacini, do Leão.

Em outros casos, o atleta já integra o elenco profissional, mas “desce” ao sub-20 para manter (ou recuperar) ritmo de jogo. Caso do atacante John Kennedy, de 19 anos, aproveitado em 22 ocasiões no time de cima do Fluminense em 2021. Ele foi “emprestado” para disputa da Copinha antes de reintegrar o grupo comandado por Abel Braga.

“O John Kennedy pegou covid-19 no ano passado e perdeu um pedaço da temporada. Na avaliação entre os estafes da base, do profissional e o próprio atleta, entendemos que seria uma ótima oportunidade para ele ir à Copa São Paulo. O [volante] Wallace e o [atacante] Matheus Martins também desceram. Dentro de uma análise interna, entre profissional e base, comandada pelo Paulo Angioni [diretor-executivo do Fluminense], a gente discute nomes e alinha a programação deles, para também usarmos a Copinha como reta final de lapidação e também por uma performance melhor”, disse Garcia, do Tricolor.

Assim como o Fluminense, o Santos é acostumado a aproveitar jogadores da base no clube. Em 2020, um estudo da Pluri Consultoria colocou os times no top-3 daqueles que mais utilizam atletas da casa nos respectivos elencos – o Peixe liderou a estatística, enquanto os cariocas apareceram em terceiro, com o Athletico-PR na segunda posição.

Nos dois últimos anos, o Alvinegro viveu um período em que esteve proibido de registrar atletas, devido à punição da Federação Internacional de Futebol (Fifa) por falta de pagamento de transferências. A base “salvou” o clube, com vários garotos promovidos ao time principal para compor um elenco que chegou, inclusive, à final da Libertadores de 2020. Do grupo que atingiu a decisão da Copinha, dois fazem parte da atual equipe profissional: o goleiro Diógenes e o zagueiro Derick. Outros, como o atacante Lucas Barboza, já estrearam na equipe de cima e vivem a natural expectativa de subirem de vez.

“Os atletas que subiram, fizeram-no por mérito, até porque não desceram mais. A permanência deles é salutar para a base. Suprimos a subida dos atletas com contratações pontuais e oportunizando os mais jovens, como o profissional faz, sem queimarmos etapas, vendo se eles não têm mais desafios na categoria inferior para alçá-los à de cima. Tem acontecido com o Jair [zagueiro], que é [nascido em] 2005 e ainda tem mais um ano de sub-17. Nossa ideia é termos a equipe mais competitiva possível, mas sabendo que o objetivo é alçar o atleta ao profissional”, concluiu Gil, do Santos.

Fonte: Agência Brasil

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