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Ex-atletas da base do voleibol do Botafogo resistem no esporte

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Os shorts ainda estampam a estrela solitária, mas os 42 jovens que treinam quatro vezes por semana na quadra do Grajaú Country Club, Zona Norte do Rio de Janeiro, já não defendem mais o voleibol do Botafogo. Por conta da crise financeira, o tradicional clube carioca, com inúmeros títulos na modalidade, anunciou o encerramento das atividades do esporte. O fim já era esperado e um grupo de pais e profissionais decidiram não deixar a bola e futuros irem ao chão.

“Quero mudar a realidade da minha família”, resume Allan Lopes Cardoso, morador do Morro do Turano. Aos 17 anos, o jovem joga como oposto e estava nas categorias de base alvinegra. “Para nós, foi um baque quando acabou. Pensei que tudo tinha sido em vão, mas com o projeto estou novamente confiante para crescer no esporte”, revela o atacante de 1,92 metro, ainda em crescimento, dono de uma potente mão esquerda.

Allan Lopes Cardoso, atleta da ex-equipe de categorias de base de voleibol do Botafogo, treina em instalações cedidas pelo Grajaú Country Club, após o encerramendo das atividades da modalidade.

Allan Lopes Cardoso sonha com um futuro melhor através do esporte – Fernando Frazão/Agência Brasil.

“Aqui é um refúgio”, revela Pedro Matheus Sebastião Lisboa Couto, que por cinco anos defendeu o Glorioso como central ou ponta. “Comecei no mirim e esse coletivo aqui é uma família pra mim”, destacando que, com o vôlei, venceu a timidez.

“Hoje, consigo me relacionar mais com as pessoas e penso em fazer uma faculdade”, planeja o jogador, que chegou a ter propostas para jogar fora do Rio e preferiu continuar por aqui.

O empresário Roberto Pereira da Costa conta que 12 pais se reuniram para manter o projeto que tem um custo anual de aproximadamente R$ 150 mil. “Ainda não temos todos os recursos, que servem para pagar os técnicos e custear as passagens dos atletas que necessitam”, explicando que o Grajaú Country Club cedeu o espaço e agora buscam patrocínio e parcerias com centros de ensino superior. “Essa garotada vem de diferentes classes sociais, e acompanhamos, faz algum tempo, a vida deles. Queremos que tenham perspectivas sejam como atletas ou dentro de outras profissões ligadas ao esporte. O vôlei não rende dinheiro, mas propicia oportunidades”, diz.

O empresário Roberto Pereira da Costa e o treinador Walner Santos, da ex-equipe de categorias de base de voleibol do Botafogo. em instalações cedidas pelo Grajaú Country Club, após o encerramendo das atividades da modalidade.

Empresário Roberto Pereira e técnico Walner Santos (direita) tentam manter equipe de vôlei – Fernando Frazão/Agência Brasil.

“Devo tudo a essa bola”, afirma o treinador Walner Santos, que trabalhou por uma década no Botafogo e chegou a ficar seis meses sem salário. “Sou torcedor, grato ao clube, e espero que a história do vôlei seja retomada em algum momento”, acredita, lembrando que a ideia era não deixar que jovens e adolescentes se desvinculassem e, em caso de necessidade, treinariam até na praia se fosse necessário. “Esse cenário até aconteceu, mas, graças a estes abnegados pais, estamos dando continuidade. É uma pena que no Brasil o esporte ainda seja, de certa forma, marginalizado e precise sempre de muita perseverança”.

Botafogo

Em maio deste ano, o Botafogo Futebol de Regatas encerrou as atividades do vôlei e de outros esportes olímpicos. Procurado pela reportagem, o clube explicou que “em linha com as novas diretrizes de Governança e a premissa de tornar os esportes autossustentáveis, o Clube recentemente abriu uma chamada para participação de concorrência (RFP) com o intuito de estruturar, através de parcerias, projetos que viabilizem equipes e modalidades olímpicas. É uma oportunidade para empreendedores e apaixonados pelo esporte de impactarem a sociedade com a formação e desenvolvimento de atletas”.

Fonte: Agência Brasil

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